segunda-feira, 23 de agosto de 2010

monochrome lifes


‘Eduquem as crianças e não será preciso castigar os homens’
[Pitágoras]

            A realidade tem gosto de concreto pra boa parte da população de João Pessoa. Da Paraíba. Do Nordeste, do Brasil, das Américas e dos outros lugarejos que nos vizinham. E pensar nos últimos dez anos neste país é pensar numa caminhada iniciada, uma construção de perspectiva, embora ainda haja muito pra se fazer. E é interessante de se perguntar quem constrói isso tudo. Nossa realidade política, a que modifica nossa vida em todos os níveis, quem constrói? E quem vai construí-la quando já não estivermos mais aqui? Correndo o risco de já ter ultrapassado a fronteira de discurso brega do clichê da chatice da mesmice, eu faço coro a uma idéia que nos é colocada desde Pitágoras. As crianças vão dar continuidade a tudo isso aqui –porra! – e nós, enquanto seres humanos, que fazemos? Vou poetando, por ora.

Momento créditos: A foto que nos ilustra é do mineiro Sebastião Salgado, de fama internacional. O título ‘monochrome lifes’, fui buscar de uma composição de Yann Tiersen. Chequem-na aqui – [http://www.youtube.com/watch?v=U42F1Oo30KA]


I
sinto
falta do tempo em que as fotos eram em
preto-e-branco
falta do tempo em que as lembranças eram em
preto-e-branco
e que o futuro tinha cor de
arco-íris.

II
Estava morrendo de frio pedindo esmola na esquina.

Estava morrendo de esquina pedindo frio na esmola.
Estava morrendo de esmola pedindo esquina no frio.
Estava esquina de esmola morrendo pedindo no frio.
Estava esmola no frio pedindo morrendo de esquina.
Estava pedindo esquina morrendo de frio na esmola.
Morrendo de esquina pedindo frio na esmola, estava.
Pedindo frio na esmola estava morrendo de esquina.
Sinal verde.

7 comentários:

  1. Without fear of contradiction: melhor post até agora

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  2. a primeira parte ficou linda, uma ideia bem simples e docemente nostálgica. quanto a segunda, ficou ótimo o jogo das palavras. a frase final me foi bem impactante.. congratz!

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  3. como diria casimiro de abreu: "que doce a vida não era". muito bonito!

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  4. A foto é adorávelmente ultrajante! O poema é versátil! Eu, agora, Refletindo o Ser (humano)!

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  5. Ah, adorei o poema.
    A escolha da foto e da música - título, na verdade-, também, nada mal mêshmo.
    Às vezes, tenho que admitir, tuas idéias são muito boas:]

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  6. Yann Tiersen é merveilleux!
    É destino do futuro sentir falta de hoje, como hoje sente do passado.

    Quanto à miséria, sempre existiu...

    Sinal verde.

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