quarta-feira, 18 de agosto de 2010

ando sol

‘ando só, mas não só de solidão
ando só da premissa solistência
ando só exercitando paciência
amansando potro xucro que dentro de mim mora’
Milton Dornellas

Diante de alguns desafios estilísticos propostos a mim pelo meu maior inimigo - eu - e inspirando-me na aura dos últimos dias, veio-me este 'Ando Sol'. O título, fui me inspirar no poema de Milton Dornellas, 'Solistência', recitado por ele no CD 'O Gargalhar da Invernada' [como introdução à canção homônima], que é inspirado no romance 'Grande Sertão: Veredas' de Guimarães Rosa. E, a título de registro, queria agradecer a Arthur Firmino [raulzito!] por me jogar umas idéias pra primeira parte. Inspiração em cima de inspiração, vamos a ele.

I
Adornar
A dor na dor
Ler os versos nos olhos alheios
E cantar uma canção só sua.
Em mimbriaga um gostar em gotas
Gosta gusta muita culpa
Caindo suaves em meu couro impuro.

II
a carícia do frio é muito própria
chega sem pedir
acontece sem prever
leva o pranto aos olhos
abre em mim as torneiras da saudade
num sangrar vermelho de desejo
travando-me os gostos
os gestos, as culpas.

5 comentários:

  1. "a carícia do frio é muito própria". lindo, lindo, lindo

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  2. A ideia de brincar e inventar palavras é simplesmente sensacional!Imagens fortes, gostos, culpas e devaneios em um único fragmento!
    Parabéns!

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  3. Que bom que a poesia permite brincar com as palavras! "Em mimbriaga um gostar em gotas" - gostei dessa parte. =]

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