segunda-feira, 19 de novembro de 2012

um livro vivo, at last


E o que é um livro? Nasci com certa deficiência que me impede responder perguntas desta natureza com a objetividade científica que almejo um dia obter. Não tenho perfil para crítico literário, mais talvez para um embasbacado literário, que se deixa mergulhar naquilo que ama sem ouvidos que decodifiquem com prazer a fortuna crítica. E, mesmo assim, me vejo diante de uma interrogação tal. O que é um livro? Não é possível que os olhos que vêem não percebam mais que um amontoado de árvores mortas processadas, ou ainda um cemitério para o conhecimento. A tola idéia do livro como depósito de traças deveria ser extinta da face do planeta, junto com aqueles que a propagam. O poder simbólico do livro no seu aspecto físico é inegável, claro. Especialmente para os embasbacados literários como eu, que se deixam arrebatar pelo roçar duma página em outra, pelo cheiro de livraria, pelo prazer estético de amontoá-los desordenadamente, ordená-los por tamanho, cor ou tema, deleitar-se no gozo visual das capas bem feitas, desde as mais simples até as com letras douradas. Não, não, longe de mim negar esta força espacial que o livro tem. Mas quero, preciso ir além. O livro não pode ser apenas tato, nem tão pouco mero registro de determinado conhecimento ou verdades. Não. Quem já deu o suor por um, sabe. O livro é uma celebração dos teus momentos.















Breve um pouco mais. Bem dentro em breve!

Um comentário:

  1. Oi, Gustavo.
    se me permite usar esse privilegiado espaço para expor minhas impressões, gostaria de dizer que me incomoda muito essa pretensão equivocada das gentes de impingir função a arte, manifeste-se ela em suas mais variadas formas de expressão. Entre minhas raras convicções, uma delas é justamente a que me leva a crer que a arte, particularmente a literária, não necessita se adequar a utilitarismos práticos. Pela sua singularidade, ela não cabe nos limitados e sofridos conceitos tão caros ao ser humano. No caso especial do livro, as sensações, anseios, angústias e expectativas que precipitam o leitor são seu fim único e suficiente. O livro, como toda obra de arte, se destina a atingir a imaginação daquele que se propõe a ler - infelizmente tão poucos. Não consigo compreender a vida sem a literatura. Guardo em mim uma dependência quase física com o livro. Este objeto que me faz sabotar a realidade(?). Transpô-la, reimaginá-la, reinventá-la para compreendê-la. Imagino como seria insuportável o mundo sem a arte, sem o livro. Não, não quero imaginar, me sinto até trasntornado só em pensar. Necessitamos da literatura, da poesia, da ficção para subverter essa realidade insana, sem sentido, sem lógica e cruel a que estamos condenados. ALém de corpo, temos alma, e alma se alimenta do que não se vê, do impalpável, do intangível, do inalcançável, enfim, da arte como bem imaterial. Engana-se profundamente quem acha que vive sem tocar no universo metafísico e transcendental da poesia. Apenas sobrevive. Sem as lentes que me emprestam a arte, sou um pobre cego e semi-morto a deambular sem destino a espera do fim. Condenação cruel e desumana a que impuseram ao desconhecido que ousou transgredir e contradizer o sistema pelo mundo: tirem-lhe a liberdade e suas leituras. Inconcebível para mim! Não resistiria muito sem enlouquecer patologicamente. Que seja o livro portanto a celebração dos seus e dos nossos momentos! (Wagner Ramos, seu embasbacado leitor e seguidor do facebook).

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