quinta-feira, 31 de março de 2011

31 de Março

‘memória de um tempo onde lutar por seu direito
é um defeito – que mata!’

[na voz de Gonzaguinha e MPB-4]


                Tente ver o mundo do ponto de vista de um desaparecido político. Tente ver o mundo do ponto de vista de um torturado. Tente ver o mundo do ponto de vista de alguém que perdeu um pai, um filho, uma mãe, filha, marido, esposa, noivo, namorada, vizinho, amigo, amiga. Tente ver o mundo do ponto de vista de um exilado. Tente ver o mundo do ponto de vista de um estudante preso. Tente ver o mundo do ponto de vista das minorias. Difícil? Houve um tempo em que não se tinha direito a quase nunca. Não se tinha direito à palavra.

(é importante dizer que falar sobre a ditadura nunca é o suficiente – lembrar para não esquecer, esquecer para não repetir).



não tem ponto final.

era pra ser um dia joão goulart.
quando amanheceu, ainda tinha liberdade ali
misturada no orvalho que a aurora ainda podia trazer.
poesia afora,
eles vieram pra me jogar um país
reticências adentro.
foi um dia curioso, esse.
de uma hora pra outra, como?,
já se nem não respirava do mesmo jeito.
 - eu fico aqui pensando se era proibido ser poeta –

pois, pois, meus caros...
isso aqui não é um poema, devo informar.
é um apelo, é uma canção de protesto,
isso aqui é uma espécie de punho cerrado no ar
se a gente esquecer,
é capaz de não mais lembrar.

(isso não te assusta?)









2 comentários:

  1. Muito bem lembrado, meu amigo Guga, há uma parte de nós, do nosso passado, que jamais devemos esquecer... Ao contrario, é preciso falar, conhecer, discutir, abrir os famosos "porões"(e quem sabe fazer alguma justiça!)

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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