ame-o e deixe-o ser o que ele é’
[Gilberto Gil, nas gargantas dos Doces Bárbaros - http://tinyurl.com/cqcbl7]
[Gilberto Gil, nas gargantas dos Doces Bárbaros - http://tinyurl.com/cqcbl7]
Este poema foi uma das mais fantásticas experiências dos últimos tempos. Foi escrito a quatro mãos com a caríssima Larissa Lopes, uma querida minha que facilmente se encontra na foto que ilustra o último poema que postei, ‘quiosque tropical’. Foi num diálogo comum, desses que todos temos quando online, que sangramos um poema essencialmente orgânico. Foi o último que adicionei ao livro, inclusive (daqui a algumas postagens tenho que falar mais desse danado desse livro, não posso esquecer). No mais, espero que gostem J
I say: poizé, faltam dois poemas pro livro ficar pronto, justamente dois poemas de amor e eu simplesmente não acho minha inspiração em canto NINHUM
she says: é a primeira vez que tu ama alguém? de verdade?
she says: é a primeira vez que tu ama alguém? de verdade?
I say: não, não é.
she says: como tu esqueceu o outro? me diz pelo amor L
I say: sou da tese que o amor não tem começo nem fim... 'nada se perde, nada se cria, tudo se transforma', o amor é tátil, pô, não é feito de sonhos, ele existe e toma outras formas ao longo do tempo... toma forma de amizade, de carinho, de raiva... mil formas! mas continua sendo amor
she says: entao, se a gente perde alguem, ou se decepciona... a gente faz o que pra transformar o amor em outra coisa?
I say: a gente? a gente não faz nada. o amor tem pernas, braços, cabeça, tronco, vaidade e vontade próprias, ele muda quando quer. somos agentes passivos nesse jogo.
she says: tou ficando preocupada já
I say: fique não, fique não. o amor, se bem cuidado, fica assim repleto de humanidades. ele vai compreender quando você precisar que ele mude - e vai mudar.
she says: ai... queria nao amar
I say: você não tem essa escolha, ninguém tem. o amor que escolhe a nós. ele é meio sacana, né?
she says: É
I say: mas é um sofrimento que até vale a pena... faz a gente pensar que está vivo. se não amamos, estamos mortos.
she says: pronto, pf
I say: melhor amar e sofrer, não? o maior risco que você corre é de achar a felicidade dobrando a esquina.
she says: e se sua felicidade e sua paz fugir de voce?
I say: não fogem
she says: claro que fogem
I say: elas também tem pernas próprias, mas dependem de nós pra que a gente escreva poemas e elas se sintam vivas - amar está para nós assim como os poemas para a paz e a felicidade -
she says: eu sinto o amor e acabo de perder a minha paz, minha felicidade é masoquista. eu tenho jeito?
I say: sorte nossa que elas também mudam de forma com o tempo
she says: meu tempo ta se passando com lagrimas e vômitos. vai mudar de forma, mesmo e de estado fisico, vai virar pedra
I say: o tempo também muda de forma, a medida que enlarguece... mas sabe que
você tem um papel importante nisso, né? você tem que estar aberta pro mundo pra poder sensibilizar esses agentes todos – paz, felicidade, amor, tempo...
she says: eu nao quero mais me abrir! porra, vou ter que passar mais uns 3 anos pra me acostumar com tudo de novo...
I say: pra quê a pressa? pode se abrir a hora que quiser... mas como diria aquela canção lá
da novela das seis, 'não se iluda, que nada muda se você não mudar'
she says: preciso sair daqui =/ hoje o dia ta foda =[ beijo, gostei dessa conversa, viu? :*
I say: certo, vá lá! :* ah, eu gostei também, acho que vai virar poema! hehe, beijo, beijo