terça-feira, 21 de dezembro de 2010

des larmes

‘bom dia, tristeza
que tarde, tristeza
você veio hoje me ver’

[Vinícius de Moraes]

                Sangrar este poema foi uma das coisas mais difíceis das últimas semanas. Vejam vocês que eu estava agarrado com Dorian Gray, do Oscar Wilde, tentando dormir, quando tive a primeira idéia [‘foi a primeira iluminura’]. Liguei o computador desesperado e sai escrevendo feito um louco. E, feito um louco, fechei o maldito Word sem salvar [até me saí com esta pérola http://tinyurl.com/2u6hzff]. Fiquei cozinhando a idéia por horas até conseguir dormir, puto comigo mesmo. Quem me consolou foi Mané de Barros, que diz que a poesia é um fenômeno de palavras, e não de idéias. E quis esquecer da idéia.
                Foi después, em companhia de queridos & queridas e ao som de cantos tristes, que ele me veio. E veio naturalmente, viu, cada palavra e cada caetaneidade – dessas que me são próprias. Espero que gostem!



leve, leve 
átimo de vida, arroubo de sal 
gosto de mar, gosto de saudade. 
rola a passarada sobre meus rubores 
irene não riu. 
mata e molha o sorriso do poeta 
até que o novo amor amanheça. 








6 comentários:

  1. O começo do poema me fez lembrar o movimento do mar. Deu saudade dele.

    Fiquei feliz com o livro que estavas lendo. Aliás, que estás achando dele?

    E tive uma vaga esperança que Caetano não aparecesse por aqui. Pois é, né, José.

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  2. Que delícia ler seus poemas. Apesar de um certo distanciamento que é necessário haver entre a obra e o leitor, pra mim é muito mais prazeroso quando consigo poder, realmente, me sentir envolvida com a obra.
    Mas então, vamos cantar, não é? Vou brincar de esquecer, e a saudade vai passar [You know what I am talking about].
    Meus parabéns, anjinho. Sou sua fã.

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  3. "eu só vou se for pra ver
    uma estrela aparecer
    na manhã de um novo amor"

    baiano inspirador de mentes férteis! =*

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  4. O poema está bom, mostra tua inserção num tipo de texto breve e expressivo. Também é um poema que fala de tuas referências, no caso musicais e isto é interessante para situar teu repertório afetivo.
    Eu só trocaria o "gosto de saudade" por sabor de saudade. Fica mais musical e tu evitas uma repetição.

    Abraço.

    Ricardo Mainieri

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