sexta-feira, 13 de maio de 2011

13 de Maio

‘ a música dos brancos é negra
a pele dos negros é negra
os dentes dos negros são brancos’

[Adriana Calcanhotto]


                 ‘Dia 13 de maio, em Santo Amaro, na Praça do Mercado, os pretos celebravam – talvez hoje inda o façam – o fim da escravidão, da escravidão’. Eu queria uma postagem que retomasse a mesma intenção daquela do dia 31 de março (lembrar pra não esquecer, esquecer pra não repetir). A questão racial no Brasil é algo muito delicado, e eu não me furtaria de versar sobre ela.


                Pensando nas matrizes formadoras do país, segundo Darcy Ribeiro, desde sempre me identifico muito e mais fortemente com a matriz negra. A minha natureza anti-teísta e, no entanto, extremamente espiritual, me impede de institucionalizar qualquer-fé que seja... porém não posso negar os pêlos que se arrepiam em mim quando escuto canções afro-brasileiras – também não posso negar esse meu nariz largo e esses meus cachos no topo da cabeça. Por isso o poema. Por isso, e porque sou brasileiro também.


eu sou
da cor
dos meus versos
 - negro, como as palavras
que saem
do meu lápis.
e se hoje
a minha pele
reflete o branco do papel
onde deito o meu poema,
creia:
é um acidente de linguagem.
(a minha cor, meu lápis não nega).






3 comentários:

  1. Maravilhoso Guga, inspirador também... (Só pra constar: Tem música de Caetano pra tudo neste teu mundo! Rsrs)

    ResponderExcluir
  2. Declaração bonita, Gustavo!
    A negritude é um traço que nenhum brasileiro pode negar, ainda que seja nos traços dos versos.
    ;)

    ResponderExcluir