E o que é um livro? Nasci com certa deficiência que me
impede responder perguntas desta natureza com a objetividade científica que
almejo um dia obter. Não tenho perfil para crítico literário, mais talvez para
um embasbacado literário, que se deixa mergulhar naquilo que ama sem ouvidos
que decodifiquem com prazer a fortuna crítica. E, mesmo assim, me vejo diante
de uma interrogação tal. O que é um livro? Não é possível que os olhos que vêem
não percebam mais que um amontoado de árvores mortas processadas, ou ainda um
cemitério para o conhecimento. A tola idéia do livro como depósito de traças
deveria ser extinta da face do planeta, junto com aqueles que a propagam. O
poder simbólico do livro no seu aspecto físico é inegável, claro. Especialmente
para os embasbacados literários como eu, que se deixam arrebatar pelo roçar duma
página em outra, pelo cheiro de livraria, pelo prazer estético de amontoá-los
desordenadamente, ordená-los por tamanho, cor ou tema, deleitar-se no gozo
visual das capas bem feitas, desde as mais simples até as com letras douradas.
Não, não, longe de mim negar esta força espacial que o livro tem. Mas quero,
preciso ir além. O livro não pode ser apenas tato, nem tão pouco mero registro
de determinado conhecimento ou verdades. Não. Quem já deu o suor por um, sabe.
O livro é uma celebração dos teus momentos.
Breve um pouco mais. Bem dentro em breve!