terça-feira, 18 de outubro de 2011

passos, rimas, abraços

‘quem não vê bem uma palavra não pode ver bem uma alma’
[Fernando Pessoa]

Tudo começou em 2004, com a primeira vinda de William Valle a João Pessoa para um workshop de danças circulares de fim-de-semana. Tudo começou na década de 1970, quando Bernhard Wosien visitou a comunidade de Findhorn para apresentar seu trabalho de meditação em movimento. Tudo começou no IPEI. Tudo começou no terraço de Déa. Tudo começou no terraço lá de casa. Tudo começou na comunidade de Nazaré. Tudo começou na Escola Aruanda.




Desde 2004 que pratico as danças circulares, tendo iniciado minhas atividades como focalizador imediatamente no ano seguinte. Para aqueles que me conhecem, não é novidade. As Danças Circulares têm um papel importante na minha formação enquanto produtor de arte, professor e ser humano. E é com muito prazer que, nos dias 5 e 6 de Novembro, que estarei em Curitiba, na Escola Move o Mundo, ministrando o workshop ‘Passos, Rimas, Abraços’. Neste trabalho, busco conectar algumas das minhas coreografias (frutos de trabalho e estudo intensos que já somam sete anos) para músicas das mais diversas origens, desde Bach até a canção brasileira, a textos de diversos autores, como Vinícius de Moraes, Jacques Prévert e Manoel de Barros. O objetivo, além de unir em um único trabalho duas expressões humanas de imensurável força e valor, é mostrar que, entre as artes, não há fronteiras: versamos os passos, dançamos os poemas, cantamos os abraços.

Respondo com muito prazer o chamado de meu mestre e retorno a Curitiba com uma felicidade que mal cabe em mim. Feliz também por saber que esse trabalho não tarda a vir para João Pessoa :D Aguardem!

Mais informações sobre o workshop, a Move o Mundo e as Danças Circulares aqui!





domingo, 9 de outubro de 2011

notas sobre você [excerpts]

‘você desenhou becos sem saída no meu corpo’
[Maria José Limeira]

                Quando a gente gosta, claramente assume – é festa, é festa, até o sol raiar, né?. ¡Apois!, hoje é dia de festejar :D Segue um trechinho de uma longa carta-presente, eternamente em construção, à guisa de presente.

[...]

Brincar teu corpo feito parque de diversões, entradas grátis.

Ouvir teu olhar gritando pelo meu. Ouvir que gritas. E que é belo de ouvir.

Sentir tuas projeções sobre meu corpo. Fazem cócegas. É bom.

Quase dançar. Quase dormir. Sonhar inteiro.

Mais arrebatador que um beijo, mais verdadeiro que um abraço, mais surpreendente que uma rima.

Sábia da boca que sabe da outra.

Teu sol me amanhecendo, me aurorecendo, desvirginando a madrugada que ainda restava.

Porque era você, tinha de te chamar ‘niño’. Porque era eu, foste ninho, e eu confio.

Existe uma coisa na tua poesia que eu quase não conhecia: ela existe. E o perfume que carregas nos dedos, na pele, na presença, me embriaga ao ponto em que me esqueço de tudo. Não sei mais se sou ou se sou outro eu, mas pouco importa. Essas notas, esses rascunhos, fazem da chegada de você mais documento que qualquer coisa, e por isso fugi delas um tanto. Mas não seria eu se não registrasse que agora já leio meus poemas com uma paz quente reinando na alma. Esses poemas de amor, essas cartas tolas, esses rabiscos todos que eu escrevia como-que pra ninguém, mas que eu escrevia pra você o tempo todo. Ei-los aqui. São nossos.

No meio da pedra, tinha um caminho.

[...]