segunda-feira, 15 de agosto de 2011

nem soneto, nem rima, nem nada

‘no bucho do analfabeto
letras de macarrão
letras de macarrão fazem poema concreto’
[Chico Buarque]


                Eu ‘tava brincando de férias do blogue um pouquinho, mas esse final de semana me falaram tanto sobre ele que eu senti saudade e resolvi postar. Ainda mais hoje, quando ouvi que isto cá que escrevo não é poesia. Bom, um recado: não tenho pretensão de fazer poesia. ‘Escrevo, e pronto. Escrevo porque preciso, preciso porque estou tonto’. Deixo aos críticos literários o maldito estúpido dever de dizer ao mundo o que é poesia. Se eles conseguirem, claro. Espero que gostem. E se não gostarem, bom... continuem falando do blogue por aí afora, que dá um ibope danado!

 - gosto de pensar que usar palavras relacionadas à literatura nos textos é um artifício literário válido... no entanto, falar de poesia não me faz poeta. dizer-me poeta em meus textos não me faz poeta. poetas se fazem com outras coisas... como diria Leminski, existem dois tipos deles: os que escrevem e os que lêem. toda palavra aí está por um motivo, por um impacto. feliz de quem lê mais o impacto que a palavra. –




nem verdade ou mentira; sou o fato,
o trato da loucura, sou o medo,
degredo da saudade, sou um feto
num tubo de ensaio, sou sentido
num conto dadaísta. eu sou a rota
que percorres descalço, sou adaga
que enfias no teu peito, sou a puta
que beijas, sou inferno e céu amargo.
não sou luz de estrelas, sou a rima
que buscas sem cessar, eu sou um homem
sentado nas esquinas, sou um ímã
pros teus desejos tolos, sou a Rita
da música do Chico, sou o mote:
nem alegre, nem triste, nem poeta.